quinta-feira

Úbere

Glândula mamária das fêmeas de alguns animais, cuja função primordial é a produção de leite para nutrir o recém-nascido. As glândulas mamárias possuem uma estrutura de ramificação mais complexa do que a das glândulas da pele. Ambos os sexos as possuem, embora nos machos, o seu desenvolvimento cesse antes da puberdade.
Úbere. Fértil. Fecundo.

A personagem de Úbere

É a animalidade que define a humanidade do Homem.




Edmund Leach

Alusivo a determinadas culturas, a personagem de Úbere caracteriza-se pelo primitivismo de certos povos indígenas e outros estatutos sociais, recriando um ser contemporâneo algures entre a linha que separa a modernização dos hábitos sociais com os instintos básicos de sobrevivência.
Toda a estrutura de Úbere é influenciada pelo comportamento dos animais, por determinadas características nomeadamente a dos pavões pela sua sensualidade e erotismo e a dos polvos pela sua inteligência, e seus mecanismos de defesa.







Conceito de Úbere

Isto não é um livro. Não tem páginas, porque não quero que tenha. Cabe ao leitor criar o próprio livro. Finalizá-lo. A ideia de ser o leitor a terminar a sua história. São dadas imagens. O leitor só tem de escrever sobre elas, o que elas lhe transmitem. As imagens não são só ilustrações de uma narrativa especifica, elas são um leque de possibilidades que o leitor vai desmistificar, criar, ou recriar.

Vigília

...Existe uma ilha. A ilha da Páscoa, localizada no Sul do Oceano Pacifíco. Nela habitam filas de enormes estátuas de pedra. Os moais. Assim se chamam.


Os primeiros desenhos do que viria a ser o embrião para um álbum de ilustração e poesia, tiveram inspiração nas enigmáticas figuras da Ilha da Páscoa. Datados de 2002, as imagens a carvão conduziram a uma narrativa à volta da noite e solidão. Algo equiparável em certa medida à paisagem emocional a que a Ilha remete, pelo menos, a mim, uma ideia de solidão sólida que desabrocha da terra. Estátuas que não dormem. A espera materializada e imóvel.

Vigília conta a história de um ser que aguarda na noite, no vácuo. Onde só existe uma janela embaciada que não deixa ver para lá. A ideia de eternidade está patente neste texto e poemas, assim como, a angústia quase demente em estabelecer um contacto com o mundo exterior.


Existe o carácter sexual associado à figura. Como uma espécie de escultura em hino à fertilidade de uma qualquer tribo primitiva, este ser desloca-se em regimento do seu próprio desejo.

De carácter narrativo, as imagens de Úbere reflectem num modo tribal e ritualista, quase carnavalesco, os instintos e questões humanas, num cenário debruçado no sonho e subconsciente. Daí provir o nome "Úbere", pelas metamorfoses e elasticidades do corpo.

Creio que, aquilo que mais define o ser humano é a sua animalidade. Os seus instintos de sobrevivência, a sua sexualidade que caracterizam a sua identidade. A sua singularidade.
Certos comportamentos humanos são idênticos ao dos animais, o que, acho fabuloso a proximidade linguística entre seres que partilham universos tão diferentes mas simultaneamente idênticos na sua percepção para a sobrevivência no mundo.



Casulo

Nasce a necessidade de se ser reiventado.




3 comentários:

A.G.* disse...

Ola Jõao :-))*
gostei do teu blog...e desejo q seja mt ÚBERE!!!
Amo as tuas ilustraçoes********
hasta
XXXA*

zehtoh disse...

interessantes e, a meu ver, muito sexuais...

Anónimo disse...

Parabéns João,

Gosto das tuas pinturas pelo traço contínuo, mas fraco e forte onde é preciso, das cores, dos jogos de sombra muito bem conseguidos.

O branco e o preto, o tudo e o nada, o ying e o yang...duas forças com o mesmo peso, o mesmo valor... atraem-te e repelem-te vezes sem conta e com a mesma intensidade.

Mas o azul... o desejo de mergulhar... de purificar... de renovar... reflecte a paz e a serenidade únicas de quem tem a capacidade de sonhar e voar para um Mundo só teu...

A tua faceta delicada e sensível parece mergulhar no mais profundo da alma humana, vejo corpo, vejo mente em acção e vejo alma...de um verdadeiro artista.

A tua pintura mostra uma mistura de filosofia, de enraizamento á natureza e á terra...de cultura... de uma vontade e uma sede de conhecimento e de aventura onde o corpo humano é ponto de partida para ser reeinventado em todo o seu esplendor.

A minha leitura da tua arte mostra uma forte componente fálica e sexual, mas as formas arredondadas dão-lhe a leveza e a subtileza de um poema

A música de Diamanda Galas... excelente escolha ( tive oportunidade de assistir a um concerto dela ao vivo em Portugal... só posso dizer que é única e tem uma voz indescritível).

Simplemente amei viajar nas ondas da tua pintura

Emília Azevedo